
O ano de 2022 iniciou uma recuperação das atividades econômicas em todo o mundo, graças ao avanço da vacinação contra a Covid-19. A redução dos óbitos e da pressão sobre os sistemas de saúde, além do fim das medidas de restrição, teve um impacto positivo na economia brasileira.
Contudo, a alta da inflação reduziu o poder de consumo do brasileiro, impactando os resultados de setores do varejo que vendem bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos.
Os meses de julho e agosto foram marcados pelas desonerações realizadas pelo governo federal, destacando-se principalmente pela redução do preço dos combustíveis. O IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo pode, inclusive, registrar a maior deflação trimestral desde o início do Plano Real.
O boletim Focus divulgado pelo Banco Central relatou que a inflação de 2022 pode fechar em 5,62%, com esse índice retraindo pela 16ª semana consecutiva. O último trimestre do ano costuma ser de movimento para o varejo e a indústria, impulsionados pelas festas de fim de ano.
Como o PIB está relacionado com o crescimento econômico

Quando falamos em economia, o termo “PIB” aparece com frequência. Apesar de não ser o único indicador econômico, ele é considerado um dos mais importantes.
O Produto Interno Bruto (PIB) revela o volume da atividade econômica de uma região, seja uma cidade, um estado, país ou continente. Quanto maior o PIB, mais robusta foi a atividade econômica, mais pessoas investiram, consumiram e trabalharam nesse local durante o período analisado.
Embora o PIB não seja um indicador social, já que o seu crescimento pode não representar uma queda proporcional na pobreza, por exemplo, ele é importante para analisarmos os resultados de políticas econômicas, monetárias, financeiras e sociais.
Analisaremos agora as principais perspectivas para a economia brasileira em 2022.
Economia brasileira 2022: instabilidade externa prejudica o Brasil
O relatório mais recente publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê que a economia brasileira deve desacelerar no segundo semestre deste ano, em relação ao primeiro semestre. As causas apontadas são internas e externas.
Entre as externas, destaca-se o conflito entre Rússia e Ucrânia. Ainda sem perspectivas para o término, essa guerra alterou completamente algumas cadeias produtivas.
Isso gerou aumento de preços em alguns itens muito consumidos, como o trigo, além de impor à Europa um desafio em relação à sua matriz energética, dependente do gás natural russo.
Ainda no cenário externo, percebe-se o aumento das taxas de juros em várias economias, como a dos Estados Unidos. Isso faz com que o acesso à capital diminua, reduzindo a capacidade de investimento das empresas e das nações.
Ademais, com esse aperto monetário, investidores tendem a arriscar menos. Desse modo, recursos que poderiam ser investidos em economias emergentes, como a brasileira, são realocados para mercados considerados mais seguros e com melhores rendimentos, como o próprio Estados Unidos.
Cenário economia brasileira: retomada da economia no segundo trimestre

O IPCA de setembro, pelo terceiro ano seguido, foi negativo, registrando uma taxa de -0,29% (em setembro do ano passado a variação foi de 1,16%).
Menor variação para um mês de setembro na história, até o momento o índice tem uma alta acumulada de 4,09% e, nos últimos 12 meses, de 7,17% – número abaixo dos 8,73% registrados nos 12 meses anteriores.
Em uma apresentação na cúpula do G20, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que até o terceiro trimestre os gastos federais foram reduzidos de 26% para 18,7% do PIB nos últimos dois anos.
A estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) é que o Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) cresça 3,1%. A projeção, que era de apenas 0,9% em abril e 1,4% em julho, aumentou principalmente por conta da melhoria do mercado de trabalho e o incremento da demanda no setor de serviços.
Já em relação à inflação, os analistas da CNI informaram que 2022 será encerrado com o IPCA em 5,9%. O índice é bastante reduzido se comparado aos 7,6% da estimativa divulgada anteriormente.
A retomada do mercado de trabalho é refletida na redução do desemprego. De acordo com a CNI, no terceiro trimestre 99 milhões de pessoas estavam ocupadas – o que motivou a redução de 10,8% para 9,3% a taxa de desemprego no país. Outra boa notícia é que a massa salarial real subiu de 1,6% para 5,1% no terceiro trimestre.
Falando de setores da Economia, a entidade também refez os cálculos e melhorou a projeção do PIB de algumas áreas, como a de serviços. A previsão é que o setor irá crescer 3,8%, puxada principalmente pela volta ao normal pós-pandemia e pelo crescimento econômico.
Por que os serviços são tão importantes na retomada da economia?
Frente a tantos desafios, os bons números do setor de serviços ajudam a economia brasileira em um momento de retomada aquém do necessário. Em junho deste ano, o setor de serviços cresceu 7,5% acima do número apresentando em fevereiro de 2020, período pré-pandêmico.
Esse crescimento tem várias explicações. A principal é que esse setor pode, finalmente, voltar a operar com certa normalidade, depois das restrições impostas nos anos de 2020 e 2021 — o que explica o crescimento visto em setores como hotéis e restaurantes, duramente atingidos pela pandemia.
Essa melhora do setor pode ser observada pelos números da ConexãoNF-e, uma empresa que faz a gestão de documentos fiscais eletrônicos de milhares de empresas de todo o país, sendo essa movimentação um dos indicadores de atividade econômica.
Os dados mostram um considerável aumento na emissão de notas fiscais eletrônicas, explicada pelo crescimento das atividades econômicas:
Tipo de documento | Jan 2021 - Set 2021 | Jan 2022 - Set 2022 | Crescimento |
---|---|---|---|
NFe | R$ 465.790.653.342,2 | R$ 646.722.847.800,9 | 138,84% |
CTe | R$ 9.731.541.042,6 | R$ 18.120.607.367,4 | 186,20% |
CTe OS | R$ 232.671.121,7 | R$ 531.781.015,6 | 228,55% |
NFCe | R$ 17.995.137,4 | R$ 327.935.414,3 | 1822,36% |
NFSe | R$ 5.934.545.568,0 | R$ 37.366.537.778,4 | 629,64% |
No entanto, o setor de serviços também deve ter seu ritmo de crescimento reduzido até o fim do ano, já que suas taxas vêm caindo mensalmente.
Projeções para o futuro

O primeiro trimestre de 2023 ainda deve apresentar desafios semelhantes aos enfrentados este ano. O governo eleito, seja ele qual for, terá um desafio em relação às contas públicas. Outra questão é a recepção à Copa do Mundo e o retorno indefinido dos reajustes nos combustíveis.
A taxa Selic deve ser mantida em 13,75%, o que encarece o crédito. Mas mesmo assim deverá haver um aumento de 11% na sua concessão e uma ligeira queda em dezembro por conta do recebimento do 13º salário (dados da CNI).
Fatores externos, como um eventual fim da guerra na Europa, podem ajudar a reduzir a pressão monetária em vários países, como o Brasil, e normalizar algumas cadeias produtivas, como a de trigo, milho e minério.
Para 2023, as perspectivas são otimistas, segundo o boletim Focus. A previsão de crescimento dos preços ao consumidor é de 4,7%. Já a meta de inflação é de 3,25% – com tolerância de 1,5% para mais ou para menos.
O PIB esperado em 2023 tem aumento de 0,59% em comparação com o de 2022. Indicador do crescimento da economia, esse é um bom sinal.
A redução da burocracia sempre é um incentivo para a economia. Afinal, se a roda da economia gira, movimenta o número de vendas e dos volumes de documentos recebidos.
Sua empresa está preparada? Leia nosso artigo sobre a possível padronização das NFSe (Notas Fiscais de Serviço) e como elas podem agilizar o setor fiscal e contábil das empresas, e na redução do Custo Brasil.